No Instituto do Cérebro do Hospital Albert Einstein, aqui no Brasil, pela técnica de ressonância magnética foram fotografados os cérebros de 100 voluntários, antes e depois de um retiro de uma semana para práticas diárias. “Na análise de uma primeira amostra, observamos que as áreas ligadas à atenção, como o córtex pré-frontal e o cíngulo anterior, ficaram mais ativadas após o treinamento”, afirma a bióloga Elisa Kozasa, responsável pela pesquisa. As regiões cerebrais eram observadas enquanto os voluntários realizavam testes para medir o quanto estavam atentos. “Houve uma tendência de maior número de acertos e mais velocidade nas respostas após a meditação”, explica a pesquisadora Elisa.
Na área da oncologia, há várias evidências científicas de eficácia. Tome-se como exemplo o estudo feito na Universidade de Brasília pelo psiquiatra Juarez Iório Castellar. Ele investiga os efeitos do método em 80 pacientes com histórico de câncer de mama. Castellar pediu às participantes que preenchessem questionários para medir a qualidade de vida. Por meio da coleta de amostras de sangue e saliva antes e depois dos exercícios meditativos, ele também está acompanhando variações hormonais que indicam a situação da doença. “Um dos dados que já verificamos é que a meditação reduziu os efeitos colaterais da quimioterapia, como náuseas, vômitos, insônia e inapetência”, afirma.
Outra frente de pesquisas tenta decifrar seu impacto nas doenças mentais. Novamente, as conclusões são bem animadoras. Na Universidade de Exeter, na Inglaterra, o pesquisador Willem Kuyken verificou que o método é uma opção concreta para auxiliar no controle da depressão a longo prazo. Depois de 15 meses comparando a evolução de pacientes que meditavam e tomavam remédios com a apresentada por aqueles que apenas usavam os antidepressivos, o cientista constatou que crises mais sérias ocorreram em 47% dos meditadores, enquanto entre os outros o índice foi de 60%. Na Universidade George Washington, nos Estados Unidos, a técnica provou-se uma aliada no tratamento de crianças com transtorno de hiperatividade e déficit de atenção. “Houve redução de 50% dos sintomas após três meses de prática”, disse à ISTOÉ Sarina Grosswald, coordenadora da pesquisa. Há ainda evidências de benefícios na luta contra transtornos alimentares como bulimia e dependência de drogas. “A meditação relaxa os dependentes e os torna mais fortes para resistir à vontade de consumir drogas”, explicou à ISTOÉ Elias Dakwar, do Instituto de Psiquiatria do Columbia-Presbyterian Medical Center, em Nova York, instituição que passou a usar o método recentemente.
DESCANSO GARANTIDO
Há apenas três meses, o médico cearense Lúcio Guimarães Xavier, 37 anos, começou a meditar duas vezes ao dia, durante 20 minutos. Ele já nota uma melhora na sensação de bem-estar, na capacidade de concentração e na qualidade do sono. “Costumava ter insônia e hoje durmo muito bem.” Ele também se surpreendeu com o desaparecimento de um tremor nas mãos, que tinha desde criança .
O segredo que possibilita efeitos dessa magnitude nestes tipos de patologias é o fato de a meditação ensinar o indivíduo a viver o presente, sem antecipar medos e sofrimentos. “E como o ato de pensar é ‘desligado’, a mente transcende seu estado ocupado e experimenta um profundo silêncio”, explica Sarina Grosswald. “O corpo, por sua vez, fica totalmente relaxado.” É este o mecanismo que também explica parte do seu poder contra a dor. “O método ajuda os pacientes a perceberem a dor e a deixá-la ir embora, sem se prender a ela”, disse à ISTOÉ Paula Goolkasian, da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Ela faz parte de uma equipe que estuda intensamente a relação entre dor e meditação e é autora de alguns artigos científicos a respeito do tema.
Permeando todos esses processos, porém, está a redução do stress proporcionada pelo método – e os benefícios advindos disso. O controle da tensão implica mudanças importantes na química cerebral, entre elas a diminuição da produção do cortisol. Liberado em situações de stress, o hormônio tem consequências danosas. Uma delas é a elevação da pressão arterial. Portanto, quanto menor sua concentração, mais baixas são as chances de hipertensão. E como a meditação diminui o stress, acaba reduzindo, indiretamente, a pressão. Este mecanismo explica por que a técnica contribui para a prevenção de doenças cardiovasculares, como o infarto e o acidente vascular cerebral, causadas, entre outras coisas, por uma pressão arterial acima dos níveis recomendados. Um estudo recente realizado na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, deu uma ideia desse potencial. Durante nove anos, os cientistas acompanharam 201 homens e mulheres com média de 59 anos de idade. Parte foi orientada a meditar todos os dias e o restante recebeu recomendação para mudar hábitos. Os meditadores tiveram 47% menos chance de morrer de um problema cardiovascular em comparação com os outros. Com base nesse resultado, o coordenador da pesquisa, Robert Schneider, considera que a descoberta equivale ao encontro de uma nova classe de “remédios” para evitar essas enfermidades. “Nesse caso, a medicação é derivada dos próprios mecanismos de cura do corpo e de sua farmácia interna”, disse à ISTO É.
http://www.istoe.com.br
Na área da oncologia, há várias evidências científicas de eficácia. Tome-se como exemplo o estudo feito na Universidade de Brasília pelo psiquiatra Juarez Iório Castellar. Ele investiga os efeitos do método em 80 pacientes com histórico de câncer de mama. Castellar pediu às participantes que preenchessem questionários para medir a qualidade de vida. Por meio da coleta de amostras de sangue e saliva antes e depois dos exercícios meditativos, ele também está acompanhando variações hormonais que indicam a situação da doença. “Um dos dados que já verificamos é que a meditação reduziu os efeitos colaterais da quimioterapia, como náuseas, vômitos, insônia e inapetência”, afirma.
Outra frente de pesquisas tenta decifrar seu impacto nas doenças mentais. Novamente, as conclusões são bem animadoras. Na Universidade de Exeter, na Inglaterra, o pesquisador Willem Kuyken verificou que o método é uma opção concreta para auxiliar no controle da depressão a longo prazo. Depois de 15 meses comparando a evolução de pacientes que meditavam e tomavam remédios com a apresentada por aqueles que apenas usavam os antidepressivos, o cientista constatou que crises mais sérias ocorreram em 47% dos meditadores, enquanto entre os outros o índice foi de 60%. Na Universidade George Washington, nos Estados Unidos, a técnica provou-se uma aliada no tratamento de crianças com transtorno de hiperatividade e déficit de atenção. “Houve redução de 50% dos sintomas após três meses de prática”, disse à ISTOÉ Sarina Grosswald, coordenadora da pesquisa. Há ainda evidências de benefícios na luta contra transtornos alimentares como bulimia e dependência de drogas. “A meditação relaxa os dependentes e os torna mais fortes para resistir à vontade de consumir drogas”, explicou à ISTOÉ Elias Dakwar, do Instituto de Psiquiatria do Columbia-Presbyterian Medical Center, em Nova York, instituição que passou a usar o método recentemente.
DESCANSO GARANTIDO
Há apenas três meses, o médico cearense Lúcio Guimarães Xavier, 37 anos, começou a meditar duas vezes ao dia, durante 20 minutos. Ele já nota uma melhora na sensação de bem-estar, na capacidade de concentração e na qualidade do sono. “Costumava ter insônia e hoje durmo muito bem.” Ele também se surpreendeu com o desaparecimento de um tremor nas mãos, que tinha desde criança .
O segredo que possibilita efeitos dessa magnitude nestes tipos de patologias é o fato de a meditação ensinar o indivíduo a viver o presente, sem antecipar medos e sofrimentos. “E como o ato de pensar é ‘desligado’, a mente transcende seu estado ocupado e experimenta um profundo silêncio”, explica Sarina Grosswald. “O corpo, por sua vez, fica totalmente relaxado.” É este o mecanismo que também explica parte do seu poder contra a dor. “O método ajuda os pacientes a perceberem a dor e a deixá-la ir embora, sem se prender a ela”, disse à ISTOÉ Paula Goolkasian, da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Ela faz parte de uma equipe que estuda intensamente a relação entre dor e meditação e é autora de alguns artigos científicos a respeito do tema.
Permeando todos esses processos, porém, está a redução do stress proporcionada pelo método – e os benefícios advindos disso. O controle da tensão implica mudanças importantes na química cerebral, entre elas a diminuição da produção do cortisol. Liberado em situações de stress, o hormônio tem consequências danosas. Uma delas é a elevação da pressão arterial. Portanto, quanto menor sua concentração, mais baixas são as chances de hipertensão. E como a meditação diminui o stress, acaba reduzindo, indiretamente, a pressão. Este mecanismo explica por que a técnica contribui para a prevenção de doenças cardiovasculares, como o infarto e o acidente vascular cerebral, causadas, entre outras coisas, por uma pressão arterial acima dos níveis recomendados. Um estudo recente realizado na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, deu uma ideia desse potencial. Durante nove anos, os cientistas acompanharam 201 homens e mulheres com média de 59 anos de idade. Parte foi orientada a meditar todos os dias e o restante recebeu recomendação para mudar hábitos. Os meditadores tiveram 47% menos chance de morrer de um problema cardiovascular em comparação com os outros. Com base nesse resultado, o coordenador da pesquisa, Robert Schneider, considera que a descoberta equivale ao encontro de uma nova classe de “remédios” para evitar essas enfermidades. “Nesse caso, a medicação é derivada dos próprios mecanismos de cura do corpo e de sua farmácia interna”, disse à ISTO É.
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