Vivemos um momento onde somos a todo instante bombardeados em termos um corpo melhor, uma alimentação melhor, uma profissão melhor, uma posição melhor... pouco olhando para a Saúde emocional.
Hoje o stress do dia a dia leva a uma vida imediatista, onde tudo tem que acontecer pra ontem, e pouco ou quase nenhum tempo fica disponível para o que é realmente importante- a qualidade de nossos sentimentos e emoções.
Programamos nosso dia desde que acordamos, sem imaginar que de um instante pra outro, podemos ser surpreendidos com mudanças repentinas , onde pouco ou nada podemos fazer.
O post abaixo, recebido hoje , me faz refletir mais e mais sobre este tema, e claro compartilho com vocês.
Que sejam de Paz nossos sentimentos, palavras e ações.!
Myrian
"...Seja qual for nossa
idade ou classe social, a saúde é uma condição decisiva para que tenhamos êxito
e felicidade na vida. É um capital tão valioso e único que o mínimo que se pode
dizer é que deve ser bem administrado. Em meio às pressões do mundo atual, esta
tarefa nem sempre é simples. Como aplicar bem o capital chamado saúde, diante
das oscilações do mercado? Como empregar corretamente nossa energia vital, de
modo que nosso bem-estar e poder de ação aumentem, e não tenhamos um déficit na
contabilidade energética?
O bem-estar físico,
emocional e mental é, na verdade, um único processo dinâmico. O equilíbrio e a
harmonia das nossas forças começam em nossa vida emocional. Na primeira metade
do século 20, a medicina pareceu esquecer a relação entre mente e corpo, mas
agora ela está sendo renovada por uma visão integrada da vida. O ser humano é
visto como um todo inseparável do cosmo. Nem o espírito, nem a mente, muito
menos a emoção ou o corpo físico podem ser compreendidos
isoladamente.
A nova noção de saúde
é sobretudo preventiva e não-violenta. Ela admite procedimentos invasivos apenas
como último recurso.
Saúde é a boa
administração da energia vital que passa por nós. A meditação, a prática
moderada de exercícios físicos, a vida afetiva equilibrada, a inteligência
emocional, a definição de objetivos claros na vida e a prática da solidariedade
na profissão e nos relacionamentos humanos podem manter-nos perfeitamente
saudáveis, sem o sofrimento físico ou emocional desnecessário.
A única utilidade
possível de alguma doença que tenhamos é fazer-nos repensar o rumo da nossa vida
e o modo como estávamos usando a energia vital que flui por nós. A doença é um
alerta. Uma dor de cabeça, um cansaço, um desânimo ou uma gripe têm mensagens
para nós: significam que houve alguma falha em nosso equilíbrio emocional. São
as emoções que estabelecem a relação prática entre corpo e alma. A dieta, certa
ou errada, também resulta da vida emocional e dos desejos que
alimentamos.
A consciência mais
ampla que agora renova a noção de saúde é bastante antiga. Milhares de anos
atrás, os sábios ocidentais afirmavam que a arte mais divina é a arte de curar.
E ela deve ocupar-se tanto da alma como do corpo, pois nenhum ser pode ser
inteiramente saudável enquanto sua natureza interior estiver sofrendo.
Cada ser humano pode
ser visto como uma espécie de aparelho receptor de energia cósmica. Recebemos o
tempo todo diferentes variedades de energia do cosmo. Nossa função é expressar
criativamente esta energia nas várias dimensões da vida, participando da
evolução de tudo o que entra em contato conosco. A doença é apenas um bloqueio
deste fluxo energético. A boa saúde física, emocional e mental consiste no fluxo
correto da vida energética, que deve ser ao mesmo tempo livre e harmônico,
espontâneo e organizado.
Durante a década de
80, o médico norte-americano Bernard Siegel desenvolveu um sistema de abordagem
dos seus novos pacientes com algumas perguntas básicas que rompiam os limites da
medicina convencional: [1]
1) Você deseja viver
até os 100 anos? (Para saber se há uma forte vontade de viver.)
2) O que significa a
doença para você? (Ela deve ser vista como um desafio positivo e uma lição
útil.)
3) Por que você
precisa da doença? (A doença foi uma forma inconsciente de buscar amor,
cuidados, atenção?)
4) O que aconteceu em
sua vida algum tempo antes de adoecer? (As emoções têm tudo a ver com as
mudanças na saúde pessoal.)
Esta última pergunta
visava mostrar que uma doença geralmente surge em determinada situação emocional
que a torne possível ou até necessária, e, portanto, é, em parte,
responsabilidade da própria pessoa. Devemos assumir responsabilidade pelo que
nos ocorre, para assumirmos também responsabilidade pela cura que ocorrerá no
futuro.
O Poder Curativo
do Carinho
O médico Larry Dossey
exemplifica no livro “Aspectos Espirituais das Artes de Curar”: [2]
“Minha percepção do
seu carinho ou insensibilidade para comigo gera uma avalanche de alterações
bioquímicas em meu próprio corpo. Processos neurológicos e hormonais se sucedem,
como uma cascata, em consequência do modo como sinto nossa
interação.
Não se trata de
questões filosóficas remotas ou abstratas, mas de consequências fisiológicas
concretas. Sinto que isto tem sido extremamente subestimado, passando geralmente
despercebido pelos filósofos, cientistas e médicos”.
“Se eu o trato com
delicadeza e compaixão”, diz o médico, “isto poderá suscitar em você um estado
geral mais saudável”.
A saúde, conclui
ele, é uma questão de relações humanas.
As agressões
sutis podem levar à doença alguém que não saiba preservar a paz interior
condicional. Mas o respeito mútuo produz boa saúde e bem-estar para
todos.
“Devido às nossas
associações íntimas com os outros e com o mundo, não vejo como deixar de invocar
conceitos de ética e responsabilidade em uma teoria global sobre a saúde e a
doença”, diz ele. Para Dossey, nossas interações são tão complexas que é
impossível determinar tudo o que fazemos ou causamos uns aos
outros.
Como, então, agir
corretamente para preservar a saúde a longo prazo? Dossey responde:
“A chave pode estar
simplesmente em ter bons propósitos, ter em mente que realmente afetamos uns aos
outros e que a interação é a regra geral. Minha esperança é que compreender isto
fará com que tenhamos cuidado e consideração pelo nosso próximo, pelos outros
seres humanos, fator menosprezado em um modelo isolacionista (individualista) de
saúde.”
Qualquer cidadão pode
fazer experiências práticas para comprovar este ponto de vista. Basta sorrir
mais e ser sinceramente mais amável com as pessoas para observar que uma
interação fraterna faz com que nos sintamos melhor, inclusive fisicamente.
Práticas como a
meditação e a oração, que afastam nossa mente do mundo das coisas pequenas e nos
aproximam do que é vasto e eterno, são instrumentos poderosos para a melhora e a
manutenção da saúde, própria e alheia.
O nosso equilíbrio
vital depende da nossa capacidade de viver tendo presente o que é bom e sagrado.
Se tivermos estas duas coisas, estaremos bem. É recomendável revisar
regularmente nosso estado de espírito. O preço da desatenção pode ser a ambição
desmedida ou a decepção e a tristeza, dois extremos que realimentam um ao outro.
A virtude e a felicidade estão no caminho do meio da serenidade.
As emoções
equilibradas são mais que uma questão de saúde: são, também, uma questão de
inteligência. As tensões emocionais típicas do cidadão da sociedade industrial
suprimem as relações profundas entre as pessoas, desumanizando-as e causando
prejuízos à percepção racional das coisas.
“Quando
emocionalmente perturbadas, as pessoas não se lembram, não acompanham, não
aprendem nem tomam decisões com clareza”, escreve Daniel Goleman em seu livro
“Inteligência Emocional”[3], antes de citar palavras de um consultor na área da
administração de empresas: “A tensão idiotiza as
pessoas.”
Trocando a Raiva
Pelo Amor
A raiva, explica
Goleman, provoca circuitos energéticos e bioquímicos destrutivos no corpo e nas
emoções. A teosofia ensina que a raiva destrói a substância da alma mortal na
sua relação com a alma imortal. O amor altruísta, em compensação, cura as
feridas e funciona como uma fábrica de bem-estar interior. A ciência das
emoções, aliada da nossa dimensão espiritual, abre caminho para a felicidade e
constitui uma chave para a serenidade e a saúde física.
A saúde é a
capacidade de estar em unidade dinâmica com a vida. O otimismo cura. A
transmutação de ansiedade em paz, de depressão em ânimo, de tristeza em alegria
e de solidão em solidariedade é um processo alquímico revolucionário, capaz de
esvaziar consultórios médicos.
Um programa de saúde
pública voltado para a nova era da civilização global poderia ter como meta, em
primeiro lugar, um maior autoconhecimento dos cidadãos. Isto faria com que as
pessoas tomassem suas vidas mais diretamente em suas próprias mãos em áreas como
a qualidade dos seus pensamentos e sentimentos, quantidade e qualidade de
exercícios físicos, dieta alimentar, ou relaxamento físico e
emocional.
Em segundo lugar, um
programa de saúde para a nova era poderá ter como objetivo o estímulo à criação
de relações humanas baseadas na boa vontade recíproca, desmascarando os
mecanismos de manipulação psicológica, de mentira e de chantagem emocional,
entre outros.
Assim se eliminará a
necessidade de doenças físicas como um modo pelo qual o Carma leva as pessoas a
pararem e avaliarem melhor suas vidas. Será importante o estímulo à
inofensividade e à solidariedade com todos os seres. Plantar o bem é o caminho
para colher o bem.
Em terceiro lugar, a
medicina da nova era poderá combinar em grande escala os avanços tecnológicos da
medicina convencional com o que há de melhor nas medicinas tradicionais. Um país
em que seja adotado um programa de saúde deste tipo não produzirá só bens
materiais. Produzirá também “o tesouro que está nos céus”. Plantará felicidade,
colherá paz, e seus cidadãos expressarão, ao viver, uma síntese prática e
harmônica entre terra e céu, estabilidade e transcendência, o humano e o divino,
o finito e o infinito.
Esta estratégia de
saúde não é só coletiva. Ela é também individual, e a possibilidade de colocá-la
em prática está constantemente diante de nós: é sempre agora. A verdadeira saúde
vem de dentro de cada ser consciente, e elimina, ou reduz, as causas do
sofrimento.
Felicidade não é ter
seus desejos atendidos. É estar contente com a vida a cada momento, e usar para
o bem, corretamente, a energia vital de que você dispõe
hoje".
Carlos Cardoso
Aveline
Uma versão inicial do
texto “A Saúde das Emoções” foi publicada na década de 1990 em um fascículo da
“Coleção Planeta”, “Inteligência Emocional”, número 3, Editora Três, SP, pp.
19-25. A versão acima foi atualizada pelo autor em março de
2013.